Pessoal!!!
O Blog Enofilia traz para vocês o maior nome de blog de vinhos do Brasil!!!
Vamos conversar com o Mestre: Luiz Cola, que é arquiteto por profissão e um enófilo dedicado ao tema há quase 20 anos. Desde 2005 realiza palestras, degustações de vinhos e ainda organiza e participa de confrarias há mais de 10 anos. Autor e escritor do blog Vinhos e Mais Vinhos que se configura num dos principais veículos de divulgação da cultura de vinhos no Brasil. Além de escrever no blog, também presta consultoria para pessoas físicas e restaurantes.

1 - Luiz Cola, nos fale um pouco sobre você, o que faz e como começou essa paixão pelos vinhos.
Luiz Cola: Sou apreciador de vinhos há
mais de 20 anos e pelo menos nos últimos 15 deles, leio, estudo sobre a cultura
do vinho, degustando com atenção a maior variedade possível de estilos e
rótulos de vinhos, onde o termo “enófilo” é o que melhor descreve minha relação
com os vinhos.
2 - Luiz, você é um grande admirador de vinhos e escritor do Blog Vinhos e Mais vinhos. Nos diga, quais são os principais conteúdos que podemos encontrar no seu Blog?
Luiz Cola: Procuro falar sobre todos os
aspectos ligados ao vinho que irão interessar o simples apreciador até o mais
apaixonado dos enófilos: de dicas sobre vinhos de boa relação preço x
qualidade, enoturismo, curiosidades diversas que cercam o tema, até aspectos técnicos
que definem uma região produtora ou vinho em particular.
3 - Quais dicas você pode dar para as pessoas que estão iniciando no mundo dos vinhos?
Luiz Cola: A mais importante delas é
beber vinhos com atenção, deixando que seus sentidos extraiam do interior da
taça um caleidoscópio de cores, aromas e sabores que, mais cedo ou mais tarde,
irão te seduzir para querer conhecer cada vez mais sobre o assunto.
4 - Sabemos que vinhos bons, geralmente, custam muito caro. Sobre isso, Você poderia nos indicar onde, no Brasil, conseguimos comprar bons vinhos por um preço mais acessível? E o que devemos levar em conta na hora de comprá-los?
Luiz Cola: De um modo geral,
infelizmente, o vinho em qualquer nível de qualidade custa caro no Brasil. Não
vale a pena discorrer sobre as razões (impostos, burocracia, custo financeiro,
etc...), mas o que posso sugerir é utilizar a internet como ferramenta auxiliar
para encontrar os melhores preços, pelo menos para aqueles vinhos que você já
conhece ou deseja conhecer.
Os clubes de vinho também são uma
ótima opção para começar a descobrir o imenso universo do vinho, fugindo um
pouco dos “vinhos de supermercado” (mesmo que eles tenham ótimos produtos à
disposição de seus clientes). É claro que ler revistas e visitar sites e blogs
especializados no tema, também são uma rica fonte de referência para orientar
as compras dos consumidores.
5 - Luiz, com toda sua experiência no ramo de vinhos, quando comparamos vinhos do Novo e Velho Mundo, quais as principais características de cada um? Qual você prefere e por que?
Luiz Cola: Prefiro usar os termos
“modernos” (Novo Mundo) e “tradicionais” (Velho Mundo) para caracterizar os
estilos que polarizam o modo como os vinhos são pensados e vinificados. Pela
minha própria experiência, enxergo a importância dos vinhos modernos como
aqueles que abrem as portas para os novos consumidores, vinhos mais
arredondados e fáceis de compreender. Ao longo do tempo, “capturado”, o agora
enófilo irá naturalmente se aventurar pela maior diversidade e complexidade dos
vinhos de estilo tradicional. É um caminho sem volta. Isso não quer dizer que
ele irá abandonar os vinhos modernos, mas que eles não serão mais capazes de
saciar a “sede” de conhecimento de novas nuances que só os vinhos tradicionais
podem oferecer.
6 - Podemos ver hoje que a China veio com tudo para dominar o mercado mundial de vinhos, já ultrapassou a França em consumo, está adquirindo vinhedos em Bordeaux, e em outros grandes Terroir do mundo. A China pretende ser em 5 anos a maior produtora de vinhos do mundo. Sobre esse assunto polêmico, o que você acha que pode mudar no mundo dos vinhos e na nossa cultura de vinhos? Vai ter aquele vinho express-china?
Luiz Cola: Isso é um exercício de
“futurologia”! Mudanças climáticas e nos padrões de consumo e “gosto” do
consumidor podem mexer radicalmente com tudo que cerca o vinho que conhecemos.
Não creio que os chineses sejam bobos em mudar o estilo dos vinhos das
propriedades que estão comprando pelo mundo. Acho que estão investindo em algo
que não pode ser reproduzido em qualquer outro lugar do planeta. Mas isso não
os impedirá de aprender rápido e, quem sabe, encontrar em seu extenso
território, lugares capazes de produzir bons vinhos e, se for o caso, rótulos
baratos de grande volume de produção.
O aspecto mais importante nesse
sentido é garantir que o trabalho milenar de identificação de castas e zonas
mais adequadas de produção sejam preservados. Se tivermos no futuro uma
“Coca-Cola” chinesa do vinho, que ela não seja capaz de sufocar o trabalho
artesanal e tradicional da vitivinicultura dos grandes terroirs do planeta.
7 - Luiz, agora falando sobre a confraria de vinhos que você coordena. Quais critérios você utiliza na hora de selecionar vinhos para serem degustados?
Luiz Cola: Nas degustações da confraria,
que completa 10 anos, somos movidos pela novidade e curiosidade. Procuro
escolher temas de degustação bastante diversos: grandes rótulos do mundo (que
tem um custo mais elevado e só podem ser bebidos em grupo),
verticais/horizontais de algum produtor ou região importante, até vinhos
elaborados com castas obscuras e raras. As possibilidades são quase infinitas.
8 - Uma pergunta que recebo frequentemente no Blog Enofilia é “que vinhos devo comprar lá fora?”. Você pode nos recomendar alguns rótulos que aqui no Brasil seriam muito caros de se comprar, mas lá na Europa, em especial se tratando da França, custam uma “barbada”. Nos indique alguns, não muito caros, por favor! (RISOS).
Luiz Cola: A diferença de preços torna
praticamente tudo uma “barbada” quando comprado no exterior. Os múltiplos vão
de 2 a 4 vezes! Minha sugestão é escolher os vinhos do estilo preferido e de
valor unitário mais alto, afinal o peso de transporte será o mesmo e ainda há a
limitação do número de garrafas permitido (12 litros ou 16 garrafas de 750 ml).
Dentro do orçamento disponível, escolha o melhor que puder pagar e que tiver
desejo de conhecer.
9 - Você já teve o prazer de poder degustar vinhos famosíssimos, como o Château Latour, Château Haut-Brion, Château Margaux... Para matar a minha curiosidade e a de todos os que amam vinhos mas não tem a coragem e nem o dinheiro para poder apreciar esses famosos Châteaux. Qual é a principal diferença deles para os demais vinhos? Eles realmente valem o que é pago? Conseguimos algum vinho parecido com esses, mas de valor bem inferior? Qual é a emoção de estar degustando um grandioso vinho?
Luiz Cola: Uma série de fatores
influencia o preço desses grandes vinhos, da lei da oferta e da procura, volume
de produção e do conceito de “grife” associado a muitos deles. Um vinho 3, 4 ou
5 vezes mais caro que a média de sua região não é, na mesma proporção, melhor
que os demais. Acontece que a partir de certo ponto qualitativo, o esforço para
fazer algo ainda melhor exige um grande investimento de dinheiro, tempo e de
escassez de matéria-prima de qualidade superior.
É claro que é possível beber
ótimos vinhos das principais regiões do mundo por um custo mais acessível,
vinhos que alcançam um ótimo padrão de tipicidade e excelência. O que os
grandes vinhos nos proporcionam além disso é a capacidade de experimentar a
máxima expressão de uma casta e/ou terroir. Chegar neste patamar nos permite
enxergar e compreender as nuances e particularidades que levaram os produtores
a se esmerar tanto em produzir essas joias da vinicultura, ainda que eles
muitas vezes não reflitam na taça o seu elevado valor.
10 - Como você vê a influência exercida no mundo dos vinhos pelo crítico Robert Parker?
Luiz Cola: Seja Robert Parker ou
qualquer outra fonte de crítica de vinhos, eles devem servir apenas como
referência, orientação e não como sentença definitivas de qualidade de qualquer
vinho. Costumo dizer que a crítica mais importante é aquela feita por cada um
de nós, que aliás está sujeita a grandes transformações na medida que apuramos
nosso gosto.
11 - Bom, depois de falarmos de tantos vinhos maravilhosos, gostaria de saber qual é seu vinho predileto? E qual vinho você ainda não degustou, mas tem o sonho poder apreciar?
Luiz Cola: Meu vinho predileto? Isso não
existe para mim, talvez o próximo, rsrs! É claro que tenho alguns estilos
preferidos, mas um vinho só? Enófilo que se preza é um eterno insatisfeito...
Gosto muito de tintos e brancos da Borgonha, tintos do Piemonte, da Rioja e da
Bairrada. Os brancos evoluídos como os Tondonias espanhóis e os maravilhosos
rieslings alemães também tem um lugar especial na minhas preferências.
O vinho que ainda não bebi e
tenho grande curiosidade de conhecer são os raros Massandras doces elaborados
na Geórgia, ainda nos tempos do império russo. Vinhos que só podem ser
encontrados em leilões de tempos em tempos. Outro vinho que desejo beber é o
Château d’Yquem 1967, ano de meu nascimento, o melhor produzido naquela safra.
12 - Luiz Cola, muito obrigado pela entrevista. Para finaliza-la nos fale como funciona o seu serviço de consultoria, como você trabalha, preços e etc? Como os nossos leitores podem te contatar?
Luiz Cola: As consultorias que presto
são desenhadas de acordo com a necessidade do cliente. Desde a seleção de
rótulos para uma adega, elaboração de carta de vinhos para um restaurante,
treinamento de equipes ou palestras para pessoas interessadas em conhecer mais
do universo dos vinhos.