quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Pessoal!!!
É com muita Alegria que convido o jornalista Rogério Lisbôa que é Colunista BandNews,  para a minha coluna de PARTICIPAÇÃO ESPECIAL, onde a cada 15 dias, alguém de um blog, revista, site e etc... vai estar mostrando aos leitores, um pouco do seu trabalho. Desde já agradeço a participação dele. 

Confira o post... e até mais uma PARTICIPAÇÃO ESPECIAL. Obrigado!

Vinhos com menos Madeira e Fáceis de se Beber



Se eu gostasse de teor alcoólico altíssimo eu bebia aguardente e não vinho (salvando aqui a grapa e também os Portos, outra história). Há pouco tempo atrás era comum se encontrar vinhos com graduação alcoólica baixa, entre 12º  e 13º. Isso mudou. Encontramos geralmente garrafas com 13,5º  para cima de teor. É fato. Procure atentamente, leia os rótulos e verá isso. As explicações são extensas: vão desde de que o planeta com as mudanças climáticas não permite mais as graduações menores até que o público aprecia a agressividade alcoólica. Para mim, agressividade, sim, afinal você acaba apanhando no lugar de degustar uma excelente garrafa. Seja de um branco californiano  ou de um belo tinto espanhol. 

A tendência dos vinhos potentes, alcoólicos e com presença forte de barrica de carvalho está mudando. Hoje vinhos mais leves, frutados, florais e mais fáceis de se beber caem no gosto de quem está começando e de quem aprecia a bebida. Conforme o francês Nicolas Vivas – diretor do centro de pesquisa da tanoaria Demptos, criado em parceria com a Universidade de Bordeaux, e PhD no uso de barricas de carvalho para vinhos - hoje apenas 3% dos vinhos produzidos passam por barricas de carvalho. A briga do Velho Mundo e Novo Mundo na questão de barris mudou. Os vinhos passaram em um momento a se parecerem muito com o de um continente e de outro e as mudanças tinham que acontecer naturalmente. 

Vinhos mais frescos e pouco amadeirados começam a aparecer. O terroir está presente. No lugar da madeira e da força entram a sutileza e ainda o lugar onde a uva foi cultivada. Economia, ela também entra nesse aspecto. Dados atuais mostram que uma barrica de carvalho nova de 225 litros custa em torno de R$ 2 mil, o que pode ter o seu preço dobrado no caso da importação para o Brasil.


O tempo que o vinho descansa nas barricas também vai contra o ditado de “tempo é dinheiro”. Vinícolas como a chilena De Martino e a Viña Santa Carolina reduziram o uso de madeira nos seus vinhos. Tudo na busca do frescor que a fruta pode oferecer, sem muita interferência da madeira, e, é claro, preços mais atrativos para os consumidores finais. Isso por outro lado não significa perda de qualidade, mas sim adequação ao atual momento. 

Esses dias bebi um Pinot Noir -  uma das minhas uvas tintas preferidas - que me deixou reflexivo. O tempo exagerado em barris fez com que a sutileza, a elegância e a leveza da uva ficassem ofuscados. Aqui entra o que eu disse no começo do texto. Agressividade. Vou ali registrar um boletim de ocorrência porque ocorre que acabaram de exterminar um Pinot Noir. Para mim, um  crime inafiançável. 

Por:
Rogério Lisbôa
Colunista BandNews

Sobre o Rogério Lisbôa:


Rogério Lisbôa é colunista de gastronomia da BandNews FM Brasília. Chef de cozinha, sommelier e jornalista, foi sócio de dois restaurantes na capital do país e viajou o mundo atrás de curiosidades e informações sobre esse sensacional universo da boa comida e dos bons vinhos.