quinta-feira, 11 de maio de 2017

Geadas podem prejudicar safra 2017 na França

Pessoal!!!
Que triste =( Produtores de vinhos franceses estão desolados: depois de Champagne e da Borgonha, foi a vez de Bordeaux sofrer o efeito de temperaturas negativas em plena primavera. Confira os textos publicados em Estadão e Revista Adega. 

Nota: Estou apenas compartilhando a informação.

Geadas podem prejudicar safra 2017 na França


As temperaturas caíram abaixo de zero na maior parte das regiões francesas, agitando corações e nervos pelos vinhedos de todo o país, especialmente em Champagne. Dados oficiais ainda estão sendo coletados, porém, ao que se percebe, os danos das noites de fortes geadas marcam presença de ponta a ponta do país, com maior impacto registrado na região de Côte des Bar, que, no último ano, já havia sofrido de forma semelhante.

Em algumas madrugadas da última semana, as temperaturas caíram para -6ºC. A combinação de geadas prolongadas e intensas pode afetar os brotos. A preocupação é grande e justificada, com esta sequência de perdas, as reservas da região estão em níveis mínimos.

Enquanto alguns produtores estimam avarias entre 20% e 50%, outros já identificam estragos maiores do que os da triste safra de 2003, com mais de 70% de estragos graves registrados. Os próximos dias serão fundamentais para a concreta dimensão dos prejuízos.

O que fazer? O ano de 2016 já não foi fácil para regiões vitivinícolas importantes da França. Em 2017, a soma dos danos pode ser ainda maior. Mas o que os produtores podem fazer e estão fazendo para  antecipar-se às geadas? É possível preparar as vinhas para extremos climáticos como esses?

De acordo com especialistas, invariavelmente, as geadas são um risco comum em regiões de clima frio de vinho, e podem danificar gravemente os brotos recém-nascidos. Em Champagne, perdas de 20% em algumas áreas e até 70% em outras regiões foram relatadas por produtores. Chablis, Loire e até mesmo a estrela em ascensão, o Reino Unido, lidam anualmente com o problema.

Contudo, a semana que passou e o início desta colocaram diante de olhos desacreditados centenas de hectares danificados com uma extensão maior da que a usual, chegando desta vez, bem mais ao sul, em áreas próximas à costa do Mediterrâneo, como Languedoc-Roussillon.

Muito já se tentou, e aqui está a união de algumas das técnicas utilizadas pelas propriedades para minimizar os danos causados pelas implacáveis geadas.

Fogo: Com grandes latas preenchidas com parafina – formando grandes velas – e disponibilizadas entre as fileiras de vinhas, libera-se calor suficiente para criar movimento de ar aquecido que evita a formação de bolhas de gelo sobre as folhas. Neste método, uma equipe fica responsável pela consulta em tempo real das estações meteorológicas, que ao menor sinal de geada, acenderá todas as “velas”.

Ventilação: Com um custo mais elevado, o uso de ventiladores e máquinas de vento para manter o ar em movimento também ajuda a evitar a geada.

Helicópteros: Helicópteros também são usados para deslocamento de ar para ajudar a prevenir a geada, embora seja bastante incomum. Ainda assim, alguns vinicultores usaram o recurso ao longo da semana que passou, incluindo Baden-Württemberg na Alemanha e também o Vale do Loire na França.

Aquecedores: Outro método comum é o uso de aquecedores, que ajudam a manter a temperatura acima do congelamento. O perigo da escolha de um destes diferentes métodos é que raramente a geada afeta toda a vinícola igualmente, o risco está em aquecer demais ou de menos uma determinada área. 

Fonte:
Revista Adega
Por Maria Bolognese em 4 de Maio de 2017 às 11:25

Sob gelo, Bordeaux pode não ter a safra 2017

Vinhedos de Fronsac, em Gironde, Bordeaux, que teve a pior geada do século na última semana. Foto: Philippe Roy | Aurimages

Produtores de vinhos franceses estão desolados: depois de Champagne e da Borgonha, foi a vez de Bordeaux sofrer o efeito de temperaturas negativas em plena primavera. Segundo os vignerons, como são chamados os vitivinicultores franceses, os vinhedos da região foram acometidos pela pior geada em 25 anos. Para completar, o timing foi péssimo, pois graças a uma primavera prematura, as plantas já estavam em estado avançado de crescimento. Isso significa que os brotos “queimados” pelo gelo podem até renascer, mas não com a mesma qualidade. 

O clima entre os produtores de Bordeaux é tão ruim – com o perdão do trocadilho – que são fortes os rumores de que a safra 2017 pode nem mesmo existir. No geral, há poucos dados sobre os estragos porque os produtores ainda estão tentando conter os efeitos da geada. Presidente do sindicato dos viticultores locais, Xavier Coumau escreveu em sua conta do Twitter que mandava boas vibrações para todos aqueles que lutam contra o congelamento de Bordeaux. Segundo ele, pelo menos metade da safra total foi perdida. 

Em entrevista por e-mail, Jean-Jacques Dubourdieu, diretor dos Domaines Denis Dubourdieu, nomeou sua mensagem como “lágrimas de gelo”. Três dos cinco châteaux que compõem seus domínios foram gravemente afetados: Clos Floridene, Château Haura e Château Cantegril. Segundo ele, Cabernet Sauvignon e Sémillon, duas cepas que amadurecem mais tardiamente, são suas esperanças; enquanto Sauvignon Blanc e Merlot, as mais precoces, serão raras em 2017. “Não há o que fazer, não há o que dizer. Estou realmente triste”, afirma. 

Perdas foram registradas em Graves, Pessac, Listrac, Moulis, Margaux, Entre-Deux-Mers e em partes de Saint Emilion e de Pomerol.

Mas nem tudo é desespero. O CEO dos châteaux d’Yquem e Cheval Blanc, Pierre Lurton (leia ao lado), afirmou que nas duas propriedades as perdas foram mínimas. Já em seu projeto pessoal, em Entre-Deux-Mers, o prejuízo foi de 75% das safras. “Não consigo ficar bravo. É a natureza”, afirma. 

Fonte:
Estadão - Paladar:
03 maio 2017 | 20:36por Isabelle Moreira Lima